HOJE NA HISTÓRIA: O plano que não deveria ter existido
Há exatos 35 anos, brasileiros acordavam em pânico e sem dinheiro no banco por conta do Plano Collor. Foi justamente na noite de 15 de março de 1990, que os brasileiros foram dormir sem saber que ao acordarem estariam praticamente sem dinheiro.
Na manhã seguinte, 16 de março, em pronunciamento transmitido para todo o País, o recém-empossado presidente Fernando Collor de Mello anunciou um plano econômico que levaria milhares de brasileiros ao infarto, falências e até suicídios.
Esta foi uma tentativa ousada e controversa de controlar a hiperinflação que assolava o Brasil na época. Ele foi lançado no primeiro dia do governo de Fernando Collor de Mello e incluía medidas drásticas, como o confisco de grande parte dos depósitos bancários e poupança dos brasileiros por 18 meses, a substituição da moeda (de Cruzado Novo para Cruzeiro) e o congelamento de preços e salários. O Plano Collor destruiu a economia?
Não é consenso que o Plano Collor "destruiu" a economia, mas ele certamente causou um impacto profundo e negativo em muitos aspectos. A intenção era reduzir a inflação, que chegava a taxas exorbitantes (cerca de 80% ao mês em março de 1990). Inicialmente, o plano teve algum sucesso em conter a alta dos preços, mas as medidas geraram efeitos colaterais graves:
Confisco de ativos: O bloqueio de contas correntes e poupança (valores acima de 50 mil cruzeiros, cerca de 1.200 dólares na época) pegou a população desprevenida, reduzindo drasticamente a liquidez na economia. Isso levou a uma recessão imediata, com queda no consumo, falências de empresas e aumento do desemprego.
Desconfiança generalizada: A medida abalou a credibilidade das instituições financeiras e do governo, dificultando a recuperação econômica.
Inflação de volta: Após um alívio inicial, a inflação voltou a subir meses depois, pois o plano não atacou as causas estruturais do problema, como o déficit público e a indexação da economia.
Portanto, embora o plano não tenha "destruído" a economia no sentido de aniquilá-la completamente, ele aprofundou a crise econômica e social, marcando um período de instabilidade e sofrimento para muitos brasileiros. Isso resultou no impeachment de Collor?
O impeachment de Fernando Collor, concluído em 29 de dezembro de 1992, não foi uma consequência direta do Plano Collor, mas sim de denúncias de corrupção que emergiram posteriormente. O plano econômico, no entanto, contribuiu indiretamente para o desgaste político do presidente:
Perda de popularidade: O confisco e os problemas econômicos geraram revolta popular e minaram a base de apoio de Collor, que havia sido eleito com grande expectativa em 1989.
Escândalo de corrupção: Em 1992, denúncias de um esquema de corrupção envolvendo Paulo César Farias (tesoureiro da campanha de Collor) vieram à tona. Isso, somado ao descontentamento generalizado com a economia, alimentou protestos massivos, como os dos "caras-pintadas".
Processo político: O Congresso abriu o processo de impeachment por crime de responsabilidade, e Collor foi afastado em outubro de 1992, renunciando antes da votação final no Senado.
Em resumo, o Plano Collor não foi a causa direta do impeachment, mas criou um ambiente de insatisfação que facilitou a mobilização contra o presidente quando os escândalos de corrupção explodiram.
Conclusão: O Plano Collor foi um fracasso econômico que agravou a recessão e prejudicou milhões de brasileiros, mas o impeachment de Collor está mais ligado aos escândalos de corrupção do que ao plano em si. Ambos os eventos, porém, estão interligados pelo contexto de um governo que perdeu legitimidade rapidamente.
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